AS SOMBRAS DE PLATÃO COMO CHAVE HERMENÊUTICA DA CRISTOLOGIA DE HEBREUS
Palavras-chave:
Sombra, Hebreus, Helenismo, Cristologia, Superior, AliançaResumo
Considerando o contexto helenístico na origem dos textos do Novo Testamento, desenvolve-se a hipótese de que ideias da filosofia grega possam ter sido utilizadas como recursos explicativos para conteúdo cristológico em certos textos bíblicos. Jesus Cristo é apresentado no livro de Hebreus como absolutamente superior a todas as figuras intermediárias anteriores que falaram por Deus, humanas ou angelicais. Além disso, a atual revelação do Filho de Deus, o Senhor Jesus Cristo, inaugurou a Nova Aliança, que havia sido anunciada pelos profetas do Antigo Testamento, de modo que agora a aliança mosaica se tornou antiquada. Neste sentido, a palavra “sombra” em Hebreus 8.5 e 10.1 pode ser considerada uma chave hermenêutica para a compreensão da
superioridade da revelação de Cristo perante todas as demais manifestações da antiga aliança, bem como da superioridade do sacrifício definitivo de Cristo diante dos sacrifícios levíticos do Antigo Testamento. A hipótese basilar é que a palavra “sombra” utilizada no livro de Hebreus remete à ideia anterior de “sombra” presente no “mito da caverna” de Platão, o que seria conhecido
pelos destinatários do referido texto bíblico. O autor de Hebreus teria utilizado um conceito já existente no ambiente helenístico para transmitir suas ideias sobre a Cristologia. A metodologia usada é simultaneamente hermenêutica e comparativa, com uma abordagem qualitativa mediante pesquisa bibliográfica.
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Publicado: 2024-03-19