DE TRADITIO VELUM
O PIEDOSO USO DO VÉU NA PATRÍSTICA
Palavras-chave:
Igreja, Tradição, Patrística, Mulheres, VéuResumo
O presente artigo visa tratar sobre a Tradição do véu nos escritos patrísticos, discorrendo, a priori, sobre a definição de cultura e roupa, para que a manifestação da religião e suas virtudes possa se fazer inteligível às mesmas. Em seguida, tratar-se-á, por ser o documento basilar desta Tradição, de 1 Coríntios 11:2-16 e sua perspectiva hermenêutica, objetivando entender sua compreensão teológica para que se possa compreender sua prescrição litúrgica, discernindo, destarte, até que ponto o aspecto cultural é válido. Com efeito, abordar-se-ão as diferenças entre Tradição, tradição e tradições, buscando validar as prescrições paulinas estendidas às igrejas sob a direção dos Pais, onde a manifestação da conservação das práticas eclesiásticas apostólicas é encontrada nos escritos dos mesmos. Por conseguinte, far-se-á a exposição da perspectiva patrística de vestuário, para que se conectem os costumes, as vestes e as virtudes ao uso do véu e, por meio da explanação das proporções que esta Tradição tomou, como no caso do rito uelato uirginis, justificar sua mais alta representação feminina de pietas. Por último, apresentar-se-á a iconografia como meio catequético, visando mostrar de forma visual o ápice doutrinário do piedoso uso no ícone da Theotokos, Virgo Virginum. Concluindo, assim, que não é somente um costume limitado ao local e à época de São Paulo, senão que uma normativa litúrgica que se estende a todas as igrejas, independente da época e cultura.
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