O MONASTICISMO FEMININO NO IV D.C SÉCULO:

UMA PERSPECTIVA NA FIGURA DE SANTA MACRINA

Autores

  • Beatriz de Almeida Moura Guimarães Gonçalves FABAPAR

Palavras-chave:

Igreja, Ascetismo, Monasticismo, Mulheres, Santa Macrina

Resumo

A presente pesquisa visa responder como era a participação monástica feminina no IV d.C século através da figura de Santa Macrina. Não obstante, o século IV d.C fora escolhido, porque, o Doutor Martinho Lutero, em seu Terceiro Artigo de Esmalcalde, propõe que o monasticismo, se praticado, deve ser efetuado à maneira primordial, objetivando a formação de mulheres bem educadas e, da mesma forma, a exímia preparação de homens como líderes religiosos e seculares, caso contrário, faz-se infundamentado. Apesar do monacato não ter seu início no IV d.C século, mas, sim, no final do III d.C, neste período a configuração cenobítica encontra-se em seus desenvolvimentos organizacionais iniciais. Como a configuração anocorética fora promocionada por Santo Atanásio através da biografia que escreve sobre Santo Antão, com Santa Macrina, irmã de São Basílio Magno – um dos principais organizadores do monasticismo cenobítico –, assim também ocorreu, por meio de seu outro irmão, São Gregório de Nissa, na biografia “Vida de Macrina” que redige. Com isso, a partir da descrição da figura de Santa Macrina e do contexto histórico monástico do século IV d.C, será feita uma análise do monasticismo feminino do IV d.C século, objetivando compreender a estrutura e o funcionamento do mesmo através das seguintes hipóteses: se a ascese, antes de ser praticada nos cenóbios, era praticada nas casas; o significado de “ascetismo”; as práticas ascéticas; quem podia praticar ascese; a origem do ascetismo; a base bíblica para a prática ascética; o significado de “mosteiro”, “monastério” e “cenóbio” e se existe alguma divergência entre os termos; a diferença entre convento, mosteiro e irmandade; o significado de “monge”; as configurações monásticas; a diferença entre ambas configurações monásticas: cenobitíca e anacorética; a diferença entre “eremita”, “dendrita” e “estilita”; a origem do monasticismo; o porquê da ascese ser praticada em mosteiros; o papel das mulheres na Igreja e na sociedade; quem foi Santa Macrina; a relevância de Santa Macrina na catequese monacal; a descrição da catequese monacal biográfica; as regras monásticas seguidas por Santa Macrina; se tinha horas canônicas nos mosteiros e, caso sim, como eram; a arquitetura dos mosteiros; se viúvas e casadas em continência podiam ser monjas; se havia diferença entre o monasticismo feminino para o masculino; quais eram as vestimentas monacais; se havia separação entre homens e mulheres; se todas as virgens eram monjas; rito de consagração de uma virgem; e a posição das consagradas na Igreja.

Referências

REFERÊNCIAS

AGAMBEN, Giorgio. Altíssima pobreza: regras monásticas e forma de vida [Homo Sacer, IV, 1]. Boitempo Editorial, 2015.

AGOSTINHO DE HIPONA. A Santa Virgindade. São Paulo: Paulus, 2000.

AGOSTINHO DE HIPONA. Dos Bens da Viuvez. São Paulo: Paulus, 2000.

AQUILINE, Mike; BAILEY, Chistopher. Madres da igreja: o testemunho das cristãs primitivas. Tradução de Barbara Theoto Lambert. São Paulo: Edições Loyola, 2018.

BASÍLIO DE CESAREIA. Introdução. São Paulo: Paulus, 1999.

BROWN, Peter. Antiguidade Tardia. In: ARIÈS, Philippe; DUBY, Georges (dir.). História da Vida Privada - Do Império Romano ao Ano Mil. São Paulo: Companhia das Letras, 1990, v. 1.

CIPRIANO DE CARTAGO. A Conduta das Virgens. São Paulo: Paulus, 2016.

DA COSTA, Ricardo; ZIERER, Adriana. Vida de Macrina: santidade, virgindade e ascetismo feminino cristão na Ásia Menor do século IV. PHOÎNIX, v. 7, n. 1, p. 345-359.

DE SOUZA COELHO, Fabiano. A evolução do movimento ascético e de renúncia sexual no mundo romano na antiguidade tardia. FRONTEIRAS & DEBATES, v. 5, n. 2, p. 29-39, 2019.

DE SOUZA COELHO, Fabiano. As Matronas da Igreja de Roma na Antiguidade Tardia. Revista Eletrônica História em Reflexão, v. 12, n. 23, p. 49-67, 2018.

DURÁN, Laura Carolina. El alma simple de Macrina. DUODA: estudis de la diferència sexual, p. 44-73, 2021.

EUSÉBIO DE CESAREIA. História Eclesiástica. São Paulo: Paulus, 2000.

FURLANI, João Carlos. Reflexões sobre a História Social das mulheres na Antiguidade Tardia: o caso das devotas cristãs. Revista Cadernos de Clio, v. 4, n. 1, 2013.

FURLANI, João Carlos. Usos do gênero biográfico na Antiguidade Tardia: educação e moral cristã em Vita Olympiadis. Revista Ágora, n. 20, p. 151-165, 2014.

Gregorio DE NISA, La virginidad, introducción, traducción, notas e índices de Lucas F. Mateo-Seco, Ciudad Nueva («Biblioteca de Patrística», n. 49), Madrid 2000, 181 pp., 13,5 x 20,5, ISBN 84-89651-54-X.

GREGÓRIO DE NAZIANZO. Autobiografia. Campinas, SP: Ecclesiae, 2012.

GREGÓRIO DE NISSA. Introdução. São Paulo: Paulus, 2011.

GREGÓRIO MAGNO. Regra Pastoral. São Paulo: Paulus, 2010.

OLIVEIRA, Ruben Ryan. “ORA ET LABORA”: TRABALHOS MANUAIS, IDEAL DE HUMILDADE E IGUALDADE SOCIAL EM VIDA DE SANTA MACRINA. História e Culturas, v. 6, n. 12, p. 117-132, 2018.

SÃO BASÍLIO MAGNO. As regras monásticas. Petrópolis: Vozes, 1983

SÃO BASÍLIO. Carta aos jovens sobre a utilidade da literatura pagã. Tradução de Diogo Chiuso – Campinas, SP: Ecclesiae, 2012.

SILVA, G. V. et al. Disciplinando os corpos das virgens e viúvas: Ambrósio e a formação de uma hierarquia feminina na congregação milanesa (Séc. IV), [s.d].

SILVA, Gilvan Ventura da. Ascetismo, gênero e poder no Baixo Império Romano: Paládio de Helenópolis e o status das devotas cristãs. História (São Paulo), v. 26, p. 82-97, 2007.

SIQUEIRA, Silvia MA. A ARTE TARDO ANTIGA: IMAGENS DA" DOR DE VIVER" EM RETRATOS FEMININOS NA ICONOGRAFIA CRISTÃ (SÉC. IV-V DC). Fragmentos de Cultura, v. 25, n. 4, p. 515-525, 2015.

W. K. LOWTHER CLARKE, B.D. ST. GREGORY OF NYSSA. THE LIFE OF ST. MACRINA. London: 68, Haymarket, S.W, 1916.

WILSON-KASTNER, Patricia. Macrina: Virgin and teacher. Andrews University Seminary Studies (AUSS), v. 17, n. 1, p. 10, 1979.

Downloads

Publicado

2022-12-07

Edição

Seção

Comunicações

Categorias