Dura missão!

Antonio Renato Gusso [1]

 

English Abstract

HARD MISSION - Antonio Renato Gusso

 

Antonio Renato Gusso, who is pursuing his doctorate in Theology, and theological lecturer at Faculdade Teológica Batista do Paraná, presents an abstract of the book “The 21st Century Pastor” by David Fisher.

 

 

FISHER, David. O pastor do século 21: uma reflexão bíblica sobre os desafios do ministério pastoral no terceiro milênio. São Paulo: Editora Vida, 1999. 334 p.

 

 

O livro em foco, originalmente denominado “The 21 st Century Pastor”, foi lançado, primeiramente, nos Estados Unidos da América no ano de 1996. Seu autor, segundo informações contidas na capa, não é alguém que escreve apenas aquilo que pensa a respeito do ministério pastoral, não é um teórico, mas, antes de tudo, uma pessoa que apresenta o resultado de sua própria experiência de muitos anos de trabalho nesta área. Ele é pastor titular da Colonial Church, na cidade de Minneapolis, no estado de Minnesota, EUA, e também tem servido como orientador de outros pastores.

A obra está dividida em duas partes principais. A primeira, com o título geral “Quatro Questões Cruciais Para os Pastores”, trata da questão da identidade pastoral, aonde chega à conclusão principal de que o pastor é um servo de Cristo; da necessidade que existe de identificação entre pastor e povo local, pois cada igreja está localizada em lugar diferente com membros de hábitos e costumes diferentes; da importância de se entender a época em que vivemos; e, por fim, a questão da eclesiologia, onde procura responder à pergunta: “De quem é esta Igreja?”.

A Segunda parte, bem mais ampla do que a primeira, cobre mais de dois terços da obra e tem como título geral “O Retrato de Um Pastor”. Nela o autor trabalha as questões da vocação pastoral; da fragilidade do pastor; do impacto que o pastor causa na vida de suas ovelhas; do trabalho do pastor como “mãe e pai” dos filhos que realmente são de Deus e não seus; do zelo devido à Igreja como pertencente ao Senhor e não aos líderes humanos, pastores; da importância da integridade do pastor, o qual deve estar sempre lembrando daquilo que realmente é: servo e mordomo de Deus; e, para concluir, trata de um dos pontos mais importantes, na visão dele, a autoridade pastoral.

Deve ser levado em conta pelo leitor brasileiro que o livro foi escrito a partir da realidade das igrejas evangélicas dos Estados Unidos, no qual o autor trabalha, e não com base no contexto brasileiro que, ainda que possua semelhanças, também possui grandes diferenças. Seja como for, muito daquilo que ele tem passado como pastor em seu país, outros aqui no Brasil também tem passado e poderão beneficiar-se das orientações deste obreiro experiente.

Não dá para negar que o livro do início ao fim apresenta uma visão bastante pessimista do ministério pastoral, ele mostra claramente que o pastor possui uma dura missão. Já na introdução aparece uma assustadora estatística informando que 66% dos americanos adultos e 72% dos jovens entre dezoito e vinte e cinco anos não creem na existência de verdade absoluta. Sem dúvida, esta é uma grande barreira para os pastores que trabalham ensinando ao povo as verdades absolutas de Deus.

Contudo, não está nos planos do autor desanimar aqueles que são vocacionados para o ministério pastoral, seu desejo é animá-los. Baseado no ministério do apóstolo Paulo, seu modelo, ele demonstra que esta tarefa é possível de ser realizada desde que na dependência de Deus. Ainda que seja uma árdua tarefa, o ministério pastoral é apresentado como algo relevante e precioso, de fundamental importância para os tempos modernos onde, mais do que nunca, a autoridade pastoral precisa ser exercitada. Seu apelo aos pastores que estão trabalhando, em muitos casos, com pessoas que seguindo a tendência do ser humano moderno, do século 21, gostariam de ver os dez mandamentos transformados em dez sugestões é o seguinte: “Chegou a hora de os pregadores lembrarem quem são e se levantarem no nome e na autoridade de Cristo diante das congregações que são céticas em relação às suas pregações. Sem pedir desculpas ou titubear, devemos levantar-nos como enviados e arautos de Cristo, para fazer a obra de Deus. E pela graça do Senhor o faremos” (p.322).

O livro é de leitura fácil e pode ser bem apreciada tanto por pastores como líderes leigos das igrejas brasileiras. Seus alertas, ainda que em primeira mão estejam direcionados aos pastores e às igrejas evangélicas dos Estados Unidos, certamente serão úteis para as igrejas e os pastores brasileiros que passam, ou virão a passar, por algumas situações semelhantes.

 


[1] Bacharel e Mestre em Teologia, Doutorando em Antigo Testamento, Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, Coordenado de Pós-graduação e Professor da Faculdade Teológica Batista do Paraná.