UMA ANÁLISE INTRODUTÓRIA SOBRE A IMPORTÂNCIA DA SIGNIFICAÇÃO NO ENSINO BÍBLICO

An introductory analysis about the importance of signification in biblical teaching.

Drª Gleyds Silva Domingues1

RESUMO

O presente artigo ressalta a importância da significação no contexto do ensino bíblico, à medida que aponta os elementos essenciais para a compreensão da mensagem revelada e sua aplicabilidade na vida. A finalidade demarcada visa apresentar o ato da significação como parte do processo educativo a ser efetivado no interior das comunidades eclesiásticas, a partir do ensino bíblico. Assim questiona-se: como trabalhar o ensino bíblico no viés da ação significativa da mensagem revelada? E ainda, como esta mensagem é apropriada nas práticas experenciais da vida? Para tal discussão são explicitados os conceitos de signo, significação, linguagem, ensino, aprendizagem e que podem ser encontrados nos estudos de Croato (1994), Marcondes (2017); Orlandi (2003; 2012), Perissé (2012), Pérez Gómez (2012) e Domingues (2011; 2012; 2015; 2016). O eixo teórico metodológico adotado parte da metodologia explicativa, que intenciona discutir a temática a partir de seu elemento constitutivo, a saber: a significação. Ainda, lança-se mão da análise do discurso por ser uma metodologia que transita entre os espaços discursivos dos ditos, não ditos e os silêncios. Assim, não se tem a pretensão de esgotar o objeto eleito nesta temática, mas dar início às discussões e ao processo argumentativo sobre o ato da significação, uma vez que sua presença oportuniza não apenas a efetivação do processo ensino e aprendizagem, mas a reflexão sobre os conceitos desenvolvidos e que estão contidos no conteúdo da mensagem revelada, mediados pelo ensino bíblico. O ensino bíblico pode ser considerado o canal que transmitirá uma mensagem e esta pode transformar a história de vida dos sujeitos, enquanto leitores, interlocutores e praticantes de uma fé, porém é preciso que esta mesma mensagem seja significada. Surge desta relação o desafio do ato de significação da mensagem revelada a ser ministrada no ensino bíblico.

Palavras-chaves: Signo. Ensino bíblico. Discurso. Significação.

ABSTRACT

This paper emphasizes the importance of signification in the context of biblical teaching. It also points to the essential elements to the understanding of the revealed message and its applicability in life. The finality is to present the act of signification as part of an education process to be effected inside the ecclesiastical communities, starting from biblical teaching. Therefore it is questioned: how to develop biblical teaching in the light of the significant action of the revealed message? And yet, how is this message appropriated in the experienced practices of life? To such discussion the concepts of sign, signification, language, teaching, learning are highlighted. These elements can be found in the studies of Croato (1994), Marcondes (2017); Orlandi (2003;2012), Perissé (2012), Pérez-Gomez (2012) and Domingues (2011; 2015; 2016). The adopted theoretical-methodological axis departs from the explanatory methodology, which intends to discuss a given thematic from its constitutive element: the signification. Additionally, discourse theory is used, for being a methodology that transits between the discursive spaces of what is said, what is unsaid, and what is silenced. Hence, I do not have the intention of draining the study object, but to kick start discussions and the argumentative process about the act of signification, given that its presence allows not only the effectiveness of the processes of teaching and learning, but the reflection about the developed concepts that are contained in the revealed message, mediated by biblical teaching. Biblical teaching can be considered the channel that will transmit a message, and this message can transform the subjects’ life stories, since they are readers, interlocutors and practitioners of a faith, however it is necessary that this same message be given meaning. From this relationship arises the challenge of the act of signification of the revealed message to be ministered in biblical teaching.

Keywords: Sign. Biblical teaching. Discourse. Signification.

INTRODUÇÃO

A proposta a ser viabilizada neste artigo diz respeito ao valor a ser assumido pela significação na compreensão da mensagem revelada mediada pelo ensino bíblico. Não se tem a pretensão de esgotar o estudo do objeto, mas de apresentar possibilidades de ação sobre seu alcance e importância, principalmente porque a presença da significação possibilita que o processo educativo seja concretizado de maneira satisfatória. O exercício é refletir sobre o ato da significação, enquanto espaço de produção de sentidos sobre o conteúdo da mensagem a ser transmitida, por isso a significação é considerada um ato de expressão que se concretiza no campo da linguagem.

A discussão tem como ponto de partida o conceito de signo e sua inserção no contexto da construção de códigos e linguagens. Assim, o que se tem em mente é a forma como este processo se concretiza ou mesmo se materializa a partir dos atos de significação, que estão presentes nos discursos de diferentes grupos sociais, embora seja preciso ressaltar que os discursos não serão objeto desta reflexão, mas o ato de significação que norteia a produção dos sentidos referentes à mensagem transmitida.

Para tal propósito elege-se como questão-problema a seguinte inquietação: como trabalhar o ensino bíblico no viés da ação significativa da mensagem revelada? E ainda, como esta mensagem é apropriada nas práticas experenciais da vida? Afinal, o que se intenta é compreender a efetividade prática do conceito no espaço das relações humanas e não apenas sua inserção no campo puramente epistemológico.

Para tal discussão são explicitados os conceitos de signo, significação, linguagem, ensino e aprendizagem constantes nos estudos de Croato (1994), Marcondes (2017); Orlandi (2003; 2012), Perissé (2012), Pérez Gómez (2012) e Domingues (2011; 2015; 2016). O eixo teórico metodológico adotado parte da metodologia explicativa, que intenciona discutir sobre a temática a partir de seus elementos constitutivos. Ainda, lança-se mão da análise do discurso por ser uma metodologia que transita entre os espaços discursivos dos ditos, não ditos e os silêncios.

Reitera-se, ainda, que o olhar para o processo educativo é feito numa perspectiva interacional, uma vez que não há como pensar no ensino distanciado da aprendizagem, pois, enquanto processo, eles agem em complementaridade, ou seja, são elementos que exercem um estado de codependência no ato de mediação e de produção de novos significados, por isso são aqui trabalhados conjuntamente. Essa perspectiva é extensiva, também, ao ensino bíblico.

Sendo assim, não se pode pensar no ensino bíblico, apenas, como um instrumento de transmissão, mas como um processo significativo que pode marcar as vidas, quer de maneira positiva (quando cumpre seu propósito) ou negativa (quando é esvaziado do sentido/significado). O certo é ter consciência de que o ensino bíblico, ao exercer um papel significativo, atuará diretamente no processo da formação dos sujeitos aprendentes. Afinal, “A perspectiva do ensino e da aprendizagem a ser assumida parte da necessidade de desvelar signos e dar sentido à fé cristã”.2

A ideia que se busca no artigo é inovar a forma de pensar o ensino bíblico e a possibilidade que este processo pode adquirir na prática social referente às comunidades eclesiásticas, na medida em que atua como elemento articulador de significados, ideias, conceitos, sentidos e posicionamentos relacionados à prática da fé. Esse inovar pode resultar na presença de nova mentalidade sobre a vida em suas diferentes dimensões e abrangências. Esta é uma incursão que desafia e inquieta os diferentes olhares já constituídos no campo da linguagem e da produção de sentidos.

1. SIGNO, PORTADOR DE UM CÓDIGO

Um signo3 remete à existência de um código que traz em seu interior significados e significantes. Estes se constituíram num processo social e foram introjetados nos modos de ser, pensar e dizer uma realidade, a partir dos sentidos originados. Nessa ação, a linguagem é constituída; porém, para que ela ocorra, se faz necessário que este ato de significação tenha lugar em “um sistema estruturado de signos com regras reconhecíveis e transmissíveis”.4

O ato de significação e apropriação do sentido, como processo de decifração de um código, traz a ideia de uma chave que revela o seu significado, à medida que lhe concede uma interpretação. Essa interpretação está presente tanto em textos e acontecimentos humanos, pois são eles carregados de signos, que remetem à presença de leis, normas e sistemas reguladores da gramática e da sintaxe, estabelecendo as pautas de sentido5. Interessante observar que o processo de interpretação não se limita ao texto, porém o processo engloba expressões, gestos, sinais, símbolos produzidos pelo ser humano cultural e socialmente.

A presença de um signo, enquanto construção social, é gerada no próprio contexto e, por esta razão, todo sentido atribuído é incorporado de maneira legítima, pois é um símbolo que identifica e representa a cultura e a visão de mundo de uma determinada sociedade.

Os significados e condutas compartilhados que compõem a cultura encontram-se tanto nas instituições, costumes, objetos e formas de vida, quanto nas representações mentais que os indivíduos e os grupos elaboram e que se transmitem nas disciplinas científicas, nas especulações filosóficas, nas narrações históricas, nas expressões artísticas e na sabedoria popular6.

A identificação é a marca de um signo, bem como sua significação, uma vez que o sentido faz toda a diferença no ato de sua captação e de seu acolhimento por um determinado grupo social, como legítimo e representacional. Afinal, não há como significar algo que é desconhecido e distante da realidade na qual o grupo social vive e está mergulhado. Por este motivo, não se pode desprezar, no ato de significação, o processo de contextualização. Afinal, “o significado só pode ser construído e transmitido, comunicado, de acordo com determinadas convenções sociais, e, por consequência, como parte de uma cultura”.7

A contextualização permite que o sentido da mensagem se aproxime dos seus interlocutores, a partir de elementos presentes no repertório cultural e que são conhecidos e legitimados por tal grupo social. A contextualização possibilita, ainda, a aproximação da mensagem sem alterar o seu sentido. Isso indica que o sentido original da mensagem não pode ser alvo de múltiplas interpretações, mas que seu sentido tem um significado próprio que o gerou. Esse significado torna-se constitutivo da mensagem para que ela de fato possa alcançar o status de verdadeiro.

Reconhece-se, porém, que em diferentes culturas pode ocorrer a alternância do conteúdo da mensagem, pelo fato de não existirem elementos referenciadores ou decifradores do signo que foram gerados em outro espaço de tempo e lugar. Quando isso acontece, são gerados novos sentidos que passam a ser legitimados por aquele grupo social específico, visto que, distanciado do mesmo, ele não é utilizado, decifrado, compreendido e nem mesmo apropriado.

“Os signos resultam, portanto, de uma função social e da interpretação daqueles que os usam e os tornam signos. Em um mundo anterior a qualquer cultura, não haveria signos.”8 E se não há signos, pode-se dizer que não existem códigos, nem mensagens, nem processo de significação a ser gerado no interior de um grupo social, ou seja, na sua ausência ou não existência, não existe uma linguagem legitimada e representativa do próprio grupo social.

Outra observação a ser feita é que o sentido fechado a ser dado ao signo parte, então, de três aspectos: a presença de um emissor que seleciona os signos que compõem sua mensagem; o interlocutor ou receptor que recebe a mensagem, conhece o seu código e o decifra; e o contexto comum em que emissor e interlocutor são partes9. Sobre esses elementos ainda deve-se acrescentar mais um, que diz respeito à aceitação ou não da mensagem. Afinal, o receptor não pode atuar como mero espectador de uma mensagem, antes é ele que decide se esta mensagem pode ser considerada como verdadeira ou não.

O ato de aceitar uma mensagem ou não se torna um critério para que ocorra a aproximação com o signo apresentado, o qual deve ser efetivado pelo processo de reconhecimento, depois de utilidade e, por último, de praticidade. Em outras palavras, o signo representa significativamente quando tem valor, utilidade e aplicabilidade na vida.

O signo, ao expressar uma relação de causa e efeito (além de outras, como a convenção humana; códigos de sinais, etc.), abarca amplos aspectos da vida[...]. Isso supõe uma capacidade de ‘trans-ler’ nas coisas o que se experimenta na vida, ou ter uma experiência global do humano10.

A constatação da presença e da relevância do signo realizada permite compreender que o signo diz sobre outro ser e, ao dizer, ele revela o que antes parecia encoberto, porém a ausência de aproximação entre emissor, receptor e contexto pode produzir a diversidade de sentidos, o que às vezes pode prejudicar o processo de comunicação e de leitura da mensagem a ser feita no texto e no acontecimento de uma forma fechada. E isso é uma das barreiras para o ato de compreensão e interpretação que pode conduzir à distorção do seu conteúdo original.

É no ato da significação, portanto, que ocorre o processo de entendimento e interpretação de um signo presente no texto e/ou acontecimento, o que remete a outra questão: a polissemia11 de significados. A polissemia de significados é real, pois os grupos sociais são múltiplos e diversos, o que implica diferentes interpretações sobre o que é dado a conhecer, pois um signo pode variar na sua representação, a partir do contexto em que o decifrou e/ou constituiu, enquanto linguagem, o que pode obstaculizar o entendimento do discurso, uma vez que não se revela a alguém sobre coisa alguma. É neste paradoxo do sentido que reside a riqueza das visões de mundo.

O cuidado, portanto, a ser observado liga-se à interpretação, ou melhor, à captação do sentido, pois é o próprio sentido que pode designar a coisa em si, como também dizer sobre o sujeito implicado na relação direta com um objeto desvelado, visto que a intenção daquele que escreve, fala ou gesticula é ser entendido pelo receptor, por meio da mensagem que foi a ele destinada12.

Diante disto, parte-se da premissa de que a mensagem é portadora de códigos e, por isto, o ato de possuir a chave de interpretação oportuniza não apenas a sua decifração, mas a interiorização da mensagem, como parte representativa da verdade significada na realidade social, que pode vir em forma de um texto ou de um acontecimento. Isso sinaliza que não basta apenas decifrar uma mensagem, mas significá-la e aceitá-la como reveladora ou produtora de sentidos.

É por esta razão que o processo educativo deve ser desenvolvido de forma significativa, sem cobranças e sem imposições, mas com sentido, pois de fato quando encontramos sentido no que estamos aprendendo, o conceito ensinado é apropriado com mais facilidade. E é nesse processo que expressamos a alegria por aprender.

A utilização do texto como um modo de representar a verdade significada, assume a forma oral e escrita, pois, antes de se conceber como material escrito, existiu como tradição oral13, a qual foi transmitida de geração em geração. Isso, porém, não quer dizer que o texto permaneceu inalterado, mas que o mesmo, ao ser constituído, partiu de uma representação construída num espaço histórico e cultural.

Na perspectiva do ensino bíblico, a fonte a ser comunicada e transmitida parte de um texto escrito, mas que também preexistiu na forma oral. Isso, porém, não esvazia o conteúdo da sua mensagem, pois ela permanece inalterada até os dias atuais. Tanto é assim, que se pode falar de princípios14 que se perpetuaram e continuam se perpetuando no tempo e na história da humanidade.

2. A INSERÇÃO DO SIGNO E O ENSINO BÍBLICO

Ao se deslocar a questão do signo para o âmbito do ensino, algumas similitudes podem ser encontradas. A primeira é quanto à origem da palavra ensino, que vem do latim insignare, cujo significado é apontar numa direção, fazer ou marcar com um sinal, gravar, assinalar, colocar signos, o que indica a presença de uma linguagem fortemente marcada por códigos. No hebraico, podem-se encontrar duas acepções para a palavra ensino: limmed e hôrah. O primeiro sentido significa instruir, exercitar e treinar e o segundo mostrar, fazer notar e informar sobre o que fazer, dizer e agir.15

A segunda similitude é referente à composição da palavra ensino (en+sino), cuja soma do prefixo e do sufixo remetem à ideia de atribuir a alguém um sinal e, por último, o forte apelo à existência de uma ação impositiva sobre algo ou alguém. A ação impositiva não é neutra, mas objetiva um resultado concreto, ou seja, um sinal identificador que pode ser evidenciado na aprendizagem. Para tal, é feita ou materializada com o auxílio de uma ferramenta, visto que, ao se colocar um signo, é preciso instrumentalizar o que se quer imprimir na vida do outro, ou seja, do receptor do código a ser apresentado.

Este código é revelador das crenças, das tradições e da cultura16 que foram se constituindo e se legitimando nas experiências dos sujeitos num tempo e num espaço histórico-social, o que o torna polissêmico na forma como o mesmo é apropriado, pois sua apreensão, interpretação e significação resultam das percepções e das histórias individuais, e, portanto, subjetivas, que ganham sentido, ou não, no processo, cognominado aprendizagem.

Ensinar, portanto, pode ser entendido como um ato que transborda na prática da comunicação mergulhada em “experiências intensas e meditada. O transbordamento de uma vida engendrada na observação, na reflexão, numa interpretação original dos acontecimentos17”, o que caracteriza o ato do ensino com caráter relacional, experencial e significativo, potencializado na vida dos sujeitos-alvo de sua ação. O ensino é, portanto, aquele que motiva o sujeito a “buscar no conhecimento sistematizado modos de entender o mundo. É o ensino que lhe fornece elementos e instrumentos inéditos para o seu pensamento”18.

Ainda sobre o ensino, pode-se dizer que ele atua “como par do conceito de aprendizagem: o ensino seria um conjunto de ações educativas determinadas, procurando favorecer a aquisição de conteúdos e habilidades específicas”19. Nesse sentido, infere-se que o ensino visa à aprendizagem direcionada ao desenvolvimento de competências que serão mobilizadas para ação, ou seja, para resolução de situações práticas do dia a dia, o que pode ser verificado, também, em forma extensiva, como propósito do ensino bíblico.

No contexto do ensino e da aprendizagem, não há como determinar uma única chave de interpretação, devido à diversidade de pessoas, crenças, tradições, visões de mundo, presente em um espaço específico do ato educativo, visto que:

Quando a arte de ensinar se torna intencional, apresenta contornos de complexidade pelos contextos que marcam a relação, pelas motivações dos intervenientes, pelos conteúdos propostos, pelos códigos utilizados e pelas concepções que os agentes da interação têm da situação20.

Isso quer dizer que, no ato da aprendizagem, o ensino não pode ser conduzido de forma linear, autoritária, arbitrária, distanciada e impositiva, uma vez que obstaculiza o processo de apropriação e de significação presente na compreensão de um código, visto que, “o ensino não é um meio para conseguir certos objetivos fixos, previamente estabelecidos, mas o espaço no qual se realizam os valores que orientam a intencionalidade educativa21”.

O ensino, então, deve ser conduzido no entendimento de que a ministração da aula se apresenta “como momento e espaço privilegiado de encontro e de ações – não deve ser dada nem assistida, mas construída, feita pela ação conjunta de professores e alunos22”. É por esse motivo que o processo educativo efetivado, enquanto espaço do acontecimento, é compreendido como “uma rede viva de troca, criação e transformação de significados23”, visto que a interação a ser estabelecida pode ser o canal fomentador que propiciará meios de produção e de construção de novos conhecimentos e sentidos.

A aprendizagem, na perspectiva do acontecimento, se expressa de forma relacional e se inscreve no ato de apropriação do código, contendo símbolos e linguagens24 próprias, as quais estão inter-relacionadas com a vida. Nisto reside a beleza da aprendizagem, ou seja: o desafio de compreender e interpretar os códigos da vida. Isso fica mais próximo quando o conteúdo desta aprendizagem diz respeito à verdade revelada a ser transmitida pelo ensino bíblico.

O ensino bíblico torna-se, então, portador de uma linguagem simbólica a ser decodificada e, por isso, seu alcance muitas vezes é frustrado, por não encontrar correspondência significativa entre o sujeito e o objeto a ser decifrado, porque sua finalidade foi reduzida a um mero ato de transmissão expositiva unilateral. Não há espaços de diálogo, trocas e compartilhamento de experiências. O resultado é a ausência de uma prática efetiva de natureza significativa.

Em outras palavras, o ensino bíblico se distancia do sujeito, porque este último não consegue compreender o seu sentido, isto é, sua mensagem. O ensino bíblico, neste ato, se apresenta esvaziado de significado, porque não considera o olhar do outro e, nem mesmo, as expectativas geradas sobre o ato do conhecer, as quais foram trazidas para o espaço da construção de conhecimentos. Espaço, esse, que pode ser designado por sala de aula.

Esta situação torna-se mais evidente quando o ensino bíblico fica, restritamente, associado a conceitos, ausentes de exemplos e práticas concretas. Há uma supervalorização do campo conceitual em relação ao prático, o que reduz sensivelmente o espaço relacionado à interpretação e à significação, pois se elimina a vida como conteúdo essencial do conhecimento. E, no contexto do ensino bíblico, a riqueza está na sua natureza essencialmente prática.

Não se quer, aqui, diminuir o valor do conteúdo conceitual, pois um ensino bíblico sem esta condição não tem sentido, mas apontar para a relação inerente que deve existir entre o conteúdo conceitual, conteúdo procedimental e atitudinal. Há percepção de que essas dimensões do conteúdo acrescentam os contornos a serem dados no ato do conhecer.

Cabe, agora, um parêntesis a fim de esclarecer sobre a definição atribuída aos conceitos acima apresentados, o conteúdo conceitual diz respeito aos princípios, normas e leis gerais ou universais que regem o próprio conhecimento; o conteúdo procedimental diz respeito à operacionalização, ou seja, a forma de agir diante do conceito aprendido; e o conteúdo atitudinal diz respeito aos valores, às crenças, à moral e que são aplicadas em ação pelos sujeitos aprendentes.

A questão do ensino bíblico torna-se mais complexa quando se limita à esfera da transmissão, porque, na falta e/ou ausência de correspondência e de referências, a decodificação e a compreensão não acontecem e, com elas, o não aprendizado. Por isso, reduzir o ensino bíblico ao ato linear de comunicação, proposto numa visão funcional da linguagem, é um risco e, ainda, uma irresponsabilidade.

A evidenciação do ensino, de forma geral, como ato puramente transmissivo e expositivo, remete à presença de dois sujeitos implicados no processo: o emissor (alguém que fala) e o receptor (que ouve passivamente uma mensagem), cuja interação entre eles é distanciada na forma de uma parede erguida no processo de comunicação, pois a mensagem transmitida não considera o lugar nem as representações dos ouvintes. Esta ausência de relação da comunicação torna-se, ainda hoje, um empecilho, isto é, uma barreira, situada dentre os grandes problemas enfrentados em diferentes espaços educativos.

De modo geral, a reversão a ser perseguida no ensino bíblico é pensada no âmbito da transformação das práticas comunicativas, na qual recoloca o sujeito como aquele que mobiliza ações, saberes, experiências e desejos que podem se transformar em elementos auxiliadores no ato de interpretar e compreender a realidade. E isso fica mais significativo quando o conteúdo da mensagem é a verdade revelada, devido ao grau de signos e códigos contidos em seu interior.

O sentido dado ao ato de compreender vincula-se ao saber, ou seja, é a tentativa de descobrir como as interpretações acontecem e como funcionam no ato de significação, uma vez que “a compreensão procura a explicitação dos processos de significação presentes nos textos e permite que se possam ‘escutar’ outros sentidos que ali estão, compreendendo como eles se constituem25”. Isso remete a asseverar que o processo de comunicação assume, nessa visão, a função de:

Oferecer oportunidades para que os alunos/as comparem ativamente as possibilidades de seus próprios esquemas como instrumentos de análise, de projeção e intervenção na realidade. [...] Além do respeito aos diferentes modos de conhecer, vivenciar e comunicar dos diferentes grupos e indivíduos, exige-se um diagnóstico constante do progresso das atividades e do grau de envolvimento de cada indivíduo nas mesmas, assim como um diagnóstico dos significados e expectativas que se criam como consequência de sua realização26.

O desafio que se impõe à ação comunicativa é possibilitar a transformação do receptor ouvinte em sujeito falante, ou seja, um sujeito ativo que pensa, critica, diz, produz e elabora seu conhecimento. Nasce aqui a possibilidade da autoria, que supera a mecanização e a pura repetição de falas ditas e não compreendidas nos discursos pertinentes ao processo de ensino e aprendizagem. Afinal, como exteriorizar aquilo que não se compreende ou se crê? Isso é contrassenso.

Defende-se, portanto, que o ensino bíblico deve buscar o lugar do encontro, da possibilidade e da interatividade. Deve, portanto, ser um ato que incentive o desenvolvimento da criatividade, da imaginação, da autenticidade e da dialogicidade sobre um objeto a ser descoberto. O ato de (des) cobrir já revela a existência de um código a ser significado, visto que envolve a ação de tirar o véu, encontrar, dar visibilidade ao que antes se escondia, ou seja, buscar um sentido para o código apresentado. Assim, “A ação do conhecer é ativa, participativa e criativa, ela envolve diferentes sujeitos e suas percepções, à medida que lhes confere ferramentas que auxiliam no processo de significação pelas descobertas efetivadas”27.

É no campo da linguagem que o ensino bíblico se encontrará, isso não deve ser negligenciado, antes o posicionamento assumido deve ser o da consciência, que possibilita a tomada de decisão e o enfrentamento da realidade, uma vez que ensinar sobre o conteúdo da verdade revelada coloca em jogo visões de mundo fortemente influenciadas pela cultura sustentadora de uma tradição transmitida de geração a geração.

Nesse entendimento, pode-se compreender que o ensino bíblico também é um ato gerado em um contexto social28, o qual é ressignificado pela palavra. A palavra é o canal difusor de sua mensagem, que expressa verdades constituídas e legitimadas no interior de cada grupo social, pertencente a uma comunidade de fé. Isso revela que a palavra assume uma intencionalidade no ato de dizer. Por esta razão que: “As palavras realmente dizem coisas, e o dizem, por assim dizer, em sua própria pele, em carne viva. As palavras vivas, sangrantes, fazem do nosso pensamento uma coisa viva, animada, nutritiva, uma coisa perceptível29”. As palavras tornam-se ação, movimento, presença e ausência.

Sendo assim, “A palavra provoca a dinamicidade da vida, pois a cerca de sentido, de conteúdo e de forma semiótica, quer no plano subjetivo, objetivo e intersubjetivo, visto que pela palavra a vida é produzida, construída e gerada”.30 É por essa razão que não se pode definir a palavra a partir de um único viés cultural, antes se deve abrir em escuta sobre as diferentes nuances do ato de dizer, que tentam compreender e interpretar o que se diz em palavra-texto. O cuidado, apenas, volta-se para resguardar a essência da palavra pronunciada, a partir da verdade revelada.

Constata-se, aqui, a presença da diversidade como possibilidade e alternativa da diferença embutida na palavra, que expressa a vida na combinação e na mistura de suas cores. Afinal, existem muitas formas e jeitos de expressar a mensagem sem que se altere o seu significado. Eis que surge o espectro de múltiplos olhares constituído no ato de dizer a palavra, que se configura em linguagem em ação. Nesta visão, “a determinação do significado de um termo ou expressão só pode ser feita a partir do exame do ato que efetivamente está sendo realizado e das regras que tornam possível a realização desse ato”31.

A palavra, objeto do ensino bíblico, gera vida e tanto pode transformar e informar, como também não ser compreendida e nem significada, quando a sua mensagem não é bem desenvolvida ou comunicada. Uma coisa é possível asseverar: a força que subjaz ao ensino bíblico diz respeito ao conteúdo de sua mensagem, que não tem natureza ideológica, antes transformacional, pois tem a intenção de modificar mente e coração simultaneamente.

Afinal, são os dizeres e os fazeres, expressões da palavra que se concretizam na prática discursiva tão presente nos espaços designados de efetivação do ensino e da aprendizagem, nos quais se afirmam na vida, lugar próprio de ação e realização da palavra. Assim, pode-se dizer que a condição basilar do ensino é “transformar a informação numa ponte luminosa entre a realidade do aluno e a realidade da cultura, entre o mundo do aluno e o mundo da gramática, entre a vida do aluno e a vida das palavras32”. Ampliando essa ideia, pode-se afirmar que a condição basilar do ensino bíblico é de apresentar o sentido da vida, a partir de uma missão bem delineada e constituída no conteúdo da mensagem revelada, a qual se concretiza em Cristo e na percepção do plano salvífico projetado desde a fundação do mundo. Afinal, o verbo se fez carne e habitou entre nós. Cristo é a palavra encarnada.

O ensino bíblico, no processo de significação, precisa passar por uma série de reformulações, principalmente quando se adere a uma prática dialógica, a qual precisa encontrar um novo jeito de se fazer presente na realidade social. Essas reformulações incorporam novos discursos, os quais ressignificam os sentidos, antes instituídos e legitimados historicamente.

O novo jeito assumido pelo ensino bíblico encontra seu espaço de legitimação no processo de aprendizagem, a partir dos seguintes elementos: valorização do dizer do sujeito aprendente; manutenção de uma escuta ativa; incentivo ao confronto e às perguntas; incentivo à curiosidade; reconhecimento de seus limites; e oportunidade para novas aprendizagens. Isso indica que “A arte de ensinar, ou seja, de deixar aprender, é deixar que o conhecimento nasça, que o conhecedor renasça a cada novo conhecimento, é deixar que cada um se reconheça no ato de aprender33”.

Se o ensino bíblico cumprir esta finalidade educativa, com certeza a trajetória da aprendizagem se concretizará numa perspectiva relacional e significativa, a qual contribuirá de fato para a formação de sujeitos críticos, reflexivos e participativos no processo de transformação da realidade em que se encontram inseridos. Nessa intenção-meta é possível falar de um ato significativo.

O ensino bíblico, ao ser reposicionado na ótica da significação, altera, sobremaneira, as relações imbricadas no ato do conhecer, porque ocorre uma aproximação entre os sujeitos e a realidade. E, ainda, nasce o desejo da procura e do encontro, que se tornam presenças efetivas no ato de produção de novos sentidos. Utopia, pode até ser, mas como não sonhar com uma possibilidade tão presente que pode vir a ser materializada no contexto de uma prática significativa, da qual o ensino e a aprendizagem são partes constitutivas?

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A tentativa perseguida neste ensaio diz respeito ao espaço a ser ocupado pela significação no contexto do ensino bíblico, no sentido de aproximar o conteúdo da mensagem dos seus interlocutores, sem, contudo, alterar a sua mensagem original. Isso porque o ato de significação auxilia no processo de compreensão e interpretação do código e possibilita aos sujeitos do processo educativo tecer relações com o objeto do conhecimento. Essas relações são mantidas na dialogicidade, à qual confere o direito de dizer e acontecer pela palavra.

O processo educativo a ser construído e direcionado ao ato da significação encontra na prática discursiva um canal aberto de viabilização do ensino bíblico, que se significa no diálogo e nas relações sociais, pois a prática dialógica se constitui na realidade e para ela retorna, à medida que lhe confere novos sentidos, ou seja, sua ressignificação.

Pensar o ensino bíblico no contexto da sociedade atual é atentar para a presença da diversidade de olhares constituídos e encontrar, neles, a síntese possível a ser realizada no entendimento e na compreensão da mensagem revelada. Isso porque a mensagem continua falando por meio do seu texto e dos acontecimentos narrados. Ela é tão próxima da vida quanto das situações em que homens e mulheres estão inseridos: dilemas; dúvidas; descrenças; anseios; crenças; relacionamentos; sentimentos; racionalidades etc.

Por esta razão que o ensino bíblico, enquanto prática discursiva, não se distancia da realidade social, antes a elege como ponto de partida, ao tomá-la como objeto de ação e prática representacional e experencial, o que se torna fundamental ao processo de construção e produção de significados. Essa visão possibilita considerar o ensino bíblico como uma prática intencional, que requer daquele que ensina posicionamento frente ao seu ato educativo.

Afinal, o ato de ensinar revela a presença de uma consciência; a consciência demonstra a decisão política; a decisão política expressa uma cosmovisão; a cosmovisão se sustenta nas formas de ver e ler o mundo. Isso tudo demonstra o sentido e a finalidade educativas na formação humana.

Sobre a mensagem revelada pode-se refletir que se está diante de um código decifrado, mas quais serão as evidenciações e compreensões apreendidas no contexto das práticas sociais? Como este código é significado? Que sentidos são gerados? Questões que podem ser alvo de novas proposições e investigações.

Por ora, surge uma questão que precisa ser respondida por cada um, que de uma forma direta ou indireta se encontra envolvido com o processo cognominado: ensino e aprendizagem: a significação é um elemento que se encontra presente em sua prática educativa? Como ela se articula com o ensino bíblico?

A resposta se revelará no processo do ensino e da aprendizagem, reconhecendo que o ensino busca a produção de sentido e novas aprendizagens. Neste jogo, o ciclo é formado e, com ele a incerteza, a incompletude e a finitude, pois são estas as marcas que se fazem bem presentes na constituição do ser humano.

Olhar para o processo educativo na tentativa de compreender o sentido da formação humana torna-se a chave de significação presente na prática discursiva. Este é o tempo e esta é a hora para um novo acontecimento: o encontro do ensino-aprendizagem com o ato da significação.

Não se estabelece, aqui, o ponto final, mas o início de uma trajetória que se acredita e, que pode, de fato, inovar o processo educativo presente no âmbito do ensino bíblico. Uma conquista, vários sentidos e novas visões. Este é o desafio colocado.

REFERÊNCIAS

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1 Pós-Doutora em Educação e Religião. Doutora em Teologia. Mestre em Educação. Professora do Programa de Mestrado Profissional em Teologia das Faculdades Batista do Paraná. Coordenadora do Grupo de Pesquisa Perquirere: Práxis Educativa na Formação e no Ensino Bíblico. Pesquisadora do Grupo de Pesquisa Intepretação, Atualização e Transmissão dos Ensinos Bíblicos. Pesquisadora do Núcleo Paranaense de Pesquisa em Religião (NUPPER). Pesquisadora do Grupo de Pesquisa em Laboratório Currículo e Formação de Professores - LAPPUC. E-mail: professor.gleyds@fabapar.com.br

2 DOMINGUES, Gleyds Silva. Andragogia de Jesus: a metodologia de ensino que transformou o processo educativo. Curitiba: ADSantos, 2016, p. 14.

3 Croatto afirma que para que uma coisa seja signo é necessário que seja de algo conhecido. Sua conexão pode advir de algo convencional ou arbitrário, porém deve ser explicada ou pelo menos experimentada, antes de ser transformado definitivamente em um signo (CROATTO, José Severino. As linguagens da experiência religiosa: uma introdução à fenomenologia da religião. São Paulo: Paulinas, 2004, p. 97).

4 MARCONDES, D. As Armadilhas da linguagem. Rio de Janeiro: Zahar, 2017, p. 17.

5 CROATTO, J. S. Hermenéutica bíblica: para uma teoria de la lectura como produccíon de sentido. Buenos Aires: Lumen, 1994, p. 27.

6 SACRISTÁN, Juan Gimeno; PÈREZ GÓMEZ, A. I. Compreender e transformar o ensino. Porto Alegre: Artmed, 2007, p. 92.

7 MARCONDES, 2017, p. 20.

8 MARCONDES, 2017, p. 37.

9 CROATTO, 1994, p. 28-29.

10 CROATTO, 2004, p. 99.

11 Orlandi, sobre a questão da polissemia, ressalta que é ela a fonte da linguagem, uma vez que por sua natureza múltipla possibilita a existência do espaço do dizer, ou seja, dos discursos (ORLANDI, Eni Puccinelli. Análise do discurso: princípios e procedimentos. Campinas: Pontes, 2003, p. 38).

12 CROATTO, 1994, p. 29-31.

13 Croatto revela que o acontecimento por ser anterior à palavra, diz que sua existência está ligada ao ato de interpretar e explicitar o acontecimento, derivando disso a reserva de sentido, à medida que se apropria do sentido e o apresenta novamente à realidade (CROATTO, J. S. Êxodo: uma hermenêutica da liberdade. São Paulo: Paulinas, 1981, p. 13).

14 “Os princípios bíblicos são aplicáveis, ou seja, podem ser vivenciados em diferentes situações da vida, o que permite não apenas a compreensão dos mesmos, mas sua utilização no dia a dia. Isso porque os princípios, além de possuírem base conceitual (são definidos), eles ainda possuem base prática (são concretos)” (DOMINGUES, 2016, p. 31).

15 DOMINGUES, 2016, p. 24.

16 Sacristán e Pérez Gómez definem cultura como um conjunto de significados e condutas compartilhadas que foram sendo desenvolvidas no transcorrer do tempo por diferentes grupos sociais (SACRISTÁN; PÉREZ GÓMEZ, 2007, p. 92).

17 PERISSÉ, Gabriel. A arte de ensinar. Brasília: UNB, 2008, p. 3-4.

18 VILLELA, F. C. B.; ARCHANGELO, Ana. Fundamentos da escola significativa. São Paulo: Loyola, 2014, p. 71.

19 VILLELA; ARCHANGELO, 2014, p. 58.

20 TEODORO, Antonio; VASCONCELOS, Maria Lucia (org.). Ensinar e aprender no ensino superior. São Paulo: Mackenzie; Cortez, 2003, p. 35-36.

21 SACRISTÁN; PÉREZ GÓMEZ, 2007, p. 86.

22 PIMENTA, Selma Garrido; ANASTASIOU, Léa das Graças Camargos. Docência no ensino superior. São Paulo: Cortez, 2010, p. 207.

23 SACRISTAN; PÉREZ GÓMEZ, 2007, p. 85.

24 Mercer apresenta a linguagem como um meio vital da existência do ser humano, por seu intermédio ocorre a representação do que se pensa, acredita e vive. Constitui-se, ainda, como ferramenta cultural, na qual se compartilham experiências, saberes e conhecimentos. Além de ser o canal pelo qual as novas gerações significam e ressignificam as experiências dos seus antepassados. (MERCER, N. As perspectivas socioculturais e o estudo do discurso em sala de aula. In: COLL, C; EDWARDS, D. Ensino, aprendizagem e discurso em sala de aula: aproximações ao estudo do discurso educacional. Porto Alegre: Artmed, 1998, p. 14-15).

25 ORLANDI, 2003, p. 26.

26 SACRISTÁN; PÉREZ GÓMEZ, 2007, p. 87.

27 DOMINGUES, Gleyds Silva. Um olhar pedagógico sobre o sentido do ensino no ministério de Jesus. Revista Via Teológica. Curitiba: FABAPAR, 2015, p. 46.

28 Sacristán e Pérez Gómez enfatizam que o ensino é gestado no interior de um contexto social, porque é nele que ocorre a criação e a transformação de significados que versam sobre a vida natural, social e individual, pautados nas experiências que os grupos desenvolveram no mundo social e cultural. Há, neste sentido, um forte apelo, neste processo, para a presença de uma ação subjetiva (SACRISTÁN; PÉREZ GÓMEZ, 2007, p. 86).

29 PERISSÉ, 2012, p. 85.

30 DOMINGUES, Gleyds Silva. Palavra: um espectro de significados. In: Revista Via Teológica, Curitiba: FTBP, n.20, jun, 2011, p. 73.

31 MARCONDES, 2017, p. 54.

32 PERISSÉ, 2012, p. 14.

33 PERISSÉ, 2012, p. 71.